Outro dia, assisti ao filme The Lobster, dirigido por Yorgos Lanthimos, jovem cineasta grego com alguns importantes prêmios no currículo. É estrelado por Collin Farrel, Rachel Weisz e Lea Seydoux e mais alguns bons atores.
A história acontece num futuro imaginário e distópico, numa sociedade totalitária e opressiva. As pessoas que não concordam com as rígidas regras impostas pelos dirigentes – que não são mostrados – sofrem como consequência a perda da própria humanidade.
Claro que existem rebeldes. Esses rebeldes buscam exatamente o contrário, mas o fazem repetindo o totalitarismo e autoritarismo, com regras tão rígidas como as da sociedade dita “normal”. Não existe uma busca de liberdade, apenas um avesso imposto com regras igualmente autoritárias.
Tempo opressivo, sem alternativa, onde todos devem seguir aquilo que alguns definiram como o melhor – assimilado no inconsciente coletivo. Tempo em que a vontade individual não existe. Em nenhum momento o ilme mostra quem dita as regras e isso é muito interessante, as pessoas apenas seguem-nas naturalmente.
De uma certa maneira, obviamente muito exacerbada, esse filme é uma metáfora para a nossa forma de agir dentro dos grupos sociais dos quais participamos. É difícil reagir contra regras, mesmo que elas sejam absurdas, é mais difícil ainda ser único, flexível, criativo. Quem viu o Facebook, após os ataques na França e a tragédia de Minas Gerais, percebeu claramente como as cobranças são feitas de todos os lados
O filme é muito bom. O final traz a dúvida: conseguirá o mocinho romper com as regras, começar uma real revolução, quebrar paradigmas? Conseguirá libertar-se dessa necessidade de fazer parte de um rebanho? Eu, uma otimista eterna, acredito que sim.
Fiquei com muita vontade de ver, Maria do Carmo! Tenho me interessado e falado bastante sobre distopia.